Por Gabriela Vital
De acordo com Patánjali, o Yoga é um caminho para libertar do sofrimento. Satya, que significa ‘verdade’ em sânscrito, é um dos Yamas descritos pelo sábio, que corresponde ao princípio do comprometimento com a verdade. Trata-se de agir com verdade, não apenas evitar mentiras e inverdades. Satya tem a ver com coerência. Tanto em relação às nossas escolhas, caminhos, como em relação às nossas atitudes, palavras, pensamentos.
Os Yamas de Patánjali se comunicam e se conectam entre sí. Satya se relaciona muito com o princípio Ahimsa, pois não agir com verdade é cometer violência.
“Mentir para sí mesmo é sempre a pior mentira”. Legião Urbana
Devemos perguntar a nós mesmos:
‘Sou verdadeiro comigo?’
‘Minhas atitudes estão de acordo com os anseios do meu âmago?’
‘Eu respeito minha verdade e me expresso com amorosidade e sem violência?’
‘Quando não concordo com alguma coisa, arrumo desculpas para fugir, brigo, ou argumento pacientemente?’
‘Em casos de insatisfação, me esforço para mudar de atitude e viver minha verdade, ou aceito condições nocivas por comodismo, inércia ou medo de expressar minha verdade’?
Nos questionarmos com perguntas como essas, quando dispostos a encarar a verdade, nos leva ao autoconhecimento, por meio da auto-observação que, consequentemente, nos proporciona crescimento.
Como tudo no Yoga, os ensinamentos filosóficos se aplicam na vida e no tapete. Nas práticas, Satya tem relação com a intenção, com os objetivos e a entrega. À medida que nos permitimos entregar com verdade às práticas podemos ver transformações profundas acontecendo em nosso corpo e em nossa mente. Paramos para ouvir a nossa essência, liberamos emoções, crenças, limitações, havendo uma sincronia entre o corpo e a postura que adotamos diante dos desafios. Em nossas práticas, e na vida, estamos realmente conectados à nossa verdade interior? Ou estamos mais preocupados com o outro? Agimos alinhados àquilo que satisfaz nossa essência, ou ao que é “socialmente aceito”. . . E o que é socialmente aceito, é correto..?
‘Sou fiel à quem sou, aos meus sentimentos e princípios? Ou priorizo princípios morais alheios que ferem minha alma (ou a de outrem) ou que sufocam minha verdade? Sou sincero comigo mesmo e sei ouvir meu coração? Quando o ouço, sei dar voz a ele, com clareza e respeito, por mim e pelo próximo? Me deixo corromper, porquê sou “só mais um” ou me comprometo em realizar a minha parte daquilo que acredito ser certo e que cobro no outro?
Este questionamento é válido para todos os setores de nossas vidas: desde um “jogar lixo no lixo” à corrupção, à hipocrisia, e até mesmo ao amor, afinal… como diz a música “para que viver fingindo se não posso enganar meu coração?”
Satya nos traz responsabilidade, mas traz consigo a libertação. Por isso é tão válido esse auto observar, pois é importante sermos o exemplo daquilo que gostaríamos de ver no Mundo. Com amorosidade, paciência, respeitando os processos e tendo perseverança, chegamos lá. Lembrando sempre do primeiro Yama: Ahimsa!
Namastê!