Creio que a especulação sobre o que é Yoga surgirá por aqui algumas vezes, pois o Yoga é tantas coisas que soa muito restritivo taxar uma só definição. Mas de fato, verão por aqui e acolá que “isso é yoga”, quase como um bordão, à medida que se entregarem à esta tal de ‘união’.
Do Sânscrito, Yoga significa ‘união’. Seria então uma unificação entre nós e o Todo? A essência mais pura daquilo tudo o que existe?
Passamos uma vida (ou várias) em busca de preencher um certo ‘vazio’, um “algo que falta”, sentindo por vezes uma certa insatisfação que nos motiva a sempre nos movimentarmos. É uma busca que levamos tempo para compreender. Uma vez compreendido, levamos tempo para aprimorar e ouso dizer: creio que ela nunca acabará e nos movimentará enquanto vivermos.
A humanidade há muito se desconectou da fonte. Mesmo porquê “desperdiçamos” muito tempo tentando entender o que de fato está fonte é! Como suprimos então aquilo que não nos é conhecido??
Yoga é um caminho para essa tal fonte. É a busca do ser. Aquele ser que vai muuuito, muito além do ter! É uma reconexão com este ser. É o reconhecer desta Fonte. Através do yoga nos voltamos para dentro, reconhecemos a nós mesmos, encontramos, mesmo que por um instante, a plenitude de apenas ser. De apenas existir. A nossa incessante busca nada mais é que a homeostase do nosso corpo mais sutil. Os movimentos, arranjos e rearranjos do nosso mais profundo Eu para estabelecer o equilíbrio. Da mesma forma que nosso corpo físico precisa se manter equilibrado e em harmonia para seu funcionamento, assim o é para o corpo espiritual, para a Natureza, para o Todo!
A vida é “projetada” de tal maneira que obriga tudo a estar em movimento, até mesmo uma planta que “não pode se mexer”. A Natureza está em constante movimento, a Terra, os planetas, o Universo estão constantemente se movendo. Os elétrons, os átomos e células estão constantemente fluindo. Eis aqui o “segredo” da vida: Tudo está se movimentando. Tudo é evolução! Pequenas mudanças ou movimentos que ocorrem ao longo do tempo, do espaço, e que transcende a tudo o que compreendemos. E portanto, é o movimento que promove o equilíbrio. Como em uma bicicleta, em que não há equilíbrio quando está parada.
O yoga nos traz a percepção do “micro” e do “macro” que nos circunda desde níveis atômicos à níveis biosféricos. Desde níveis celulares à níveis oceânicos. Nos mostra singelos e sutis padrões que se apresentam ao nosso redor. É a comunhão do ser e a percepção do estar. É a unificação, o caminho de volta para a Natureza e para a nossa natureza. É a reintegração com o Todo, a consciência de fazer parte daquilo tudo o que há. É por fim, o caminho de volta para o que realmente se é, para o “Eu e Eu” para o “Eu Sou”. É a reconexão com o nosso Eu mais profundo que preenche o vazio… aquele vazio, lembra?
Pois é, yoga é só um dos meios de locomoção nessa jornada do caminho de volta para dentro, mas de fato, abre nossos olhos para vermos o melhor na trajetória. Traz um entendimento, mesmo que breve, desta constante dança que a vida é. Permite mostrar através da observação de nós mesmos, a beleza da impermanência e de cada processo da constante evolução.
A partir dessa ‘união’ com o nosso Eu a percepção sobre tudo o que existe se amplia, logo a percepção sobre nós mesmos também. Traz o chamado autoconhecimento, estimula o auto aprimoramento, conscientiza do autocontrole. Nos traz poder de mudar a nós mesmo, e só mudando o individual é que se muda o coletivo. É de dentro para fora. Quando vemos a nós mesmos como somos, conseguimos ver o outro como ele é, pois nada mais somos do que parte de um Todo. Como diz um(a) sábio (a):
“Yoga é um caminho. Nunca um fim!”.
E então? Bora praticar?
Namastê!
Para falarmos sobre a complexidade do Yoga podemos, resumidamente, apontar caminhos, desde os primórdios védicos, raízes tântricas, influências budistas e na contemporaneidade, o Yoga moderno. No geral, faz parte de um dos sistemas – sad darshanas – em conjunto com o Samkhya. Nascido e nutrido na Índia, o Yoga hoje em dia se tornou global e sem afiliações religiosas; é um método prático de autoconhecimento, disciplina e realização transcendental.
Texto escrito por Gabriela Vital





