No texto anterior, falamos sobre santosha. Estar contente aqui e agora. Estar presente e conectado, estar em paz interior independente das circunstâncias externas. Estar sereno. Ter deleite naquilo que se tem e que se está fazendo no momento presente. Ver o lado bom para desfrutar, buscar ver com olhos positivos as situações.
Diante disto, estamos então prontos para o passo seguinte. Tapas! O terceiro niyama, que fala sobre disciplina, força de vontade. Contentamento é diferente de comodismo. É ter a paz de saber que o momento é transitório e pode ser vivido com leveza, mas não estagnando nele. Tapas nos fala então sobre buscar aprimoramento. Não parar ali na zona de conforto porque nos contentamos… e sim, ir um pouco mais além, com respeito por nós mesmos, com paciência, mas com disciplina de dar continuidade a cada passinho, mantendo constância nas práticas que nos fazem bem, pois é assim que se aprimora. Não devemos cobrar que as coisas “nasçam” prontas e perfeitas, mas sim dar continuidade, dedicação diária ao que fazemos para nos aprimorar.
Tapas anda muito ao lado do Yama ahimsa e niyama santocha, antes já abordados. Pois não é uma postura de agressão, impaciência, cobrança, é com contentamento em cada etapa, paciência e contemplando que temos o deleite de subir cada degrau da nossa evolução. Seja evolução nos asanas, numa forma de agir, numa tarefa nova…
Durante as prática de asanas e pranayamas, por exemplo, podemos utilizar de sessões preparatórias, indo além um pouquinho mais a cada conquista, visando alcançar algo mais desafiador. Neste momento, quando percebemos que demos conta, que conseguimos permanecer mais tempo em uma postura de equilíbrio, por exemplo, sentimos os efeitos mentalmente, sentimos a confiança, percebemos que algo que podia parecer distante foi alcançado devido a disciplina de sempre executar um pouquinho, condicionando nosso corpo e mente até que ele está pronto. Até a barreira ter sido quebrada.
Tapas nos ensina a ter constância em realizar práticas de autoAPRIMORAMENTO, e com autoaprimoramento, nos sentimos mais confiantes. Em sânscrito, tapas significa “calor”, “aquecer”, “queimar”. É o esforço sobre si mesmo, o poder de fogo da força de vontade que nos impulsiona a ir além, a dar o nosso melhor para superarmos nossas próprias limitações. É relacionado à movimentação, à transmutação do fogo, força propulsora e a disciplina de agirmos para tal.
Tapas também é entendido como austeridade, pois é importante mantermos hábitos disciplinadamente, evitando cairmos nas tentações de sempre ceder às concessões. O fogo interior é a energia da força de vontade. Praticar tapas, nos proporciona consciência daquilo que cedemos por comodismo mas que no fundo podemos ir mais além, e nos dá mais controle e comprometimento para com nós mesmos, e nossos objetivos. É ser mais forte do que as próprias fraquezas. Conseguirmos superar as provações e limitações da mente nos torna mais fortes, persistentes e capazes. Tapas nos faz sair da zona de conforto.
Os resultados que colhemos são decorrentes daquilo que plantamos e nutrimos diariamente. Assim como regamos uma planta e ela cresce. Sem a disciplina de cuidar, de fazer a manutenção das coisas, os esforços dedicados se esvaem, pois não há constância. Realizar aquilo que nos propomos a fazer, seja o que for, fortalece nossa autoconfiança e adquirimos melhor autoestima, pois nos sentimos capazes. Portanto, é interessante objetivarmos pequenas metas alcançáveis que fazem parte de um objetivo maior, porém propondo um esforço alcançável sobre nós mesmos. Nos preparando, nos comprometendo em irmos um pouquinho mais além, tendo novas conquistas.
Namastê!
Gabriela V. Oliveira